Tem gente que tem cheiro de café pela manhã

julho 11, 2016


Tem, sim. E é raro. Veja, passamos a vida (des)conhecendo muita gente. Umas vêm, ficam. Outras vêm, vão. Algumas, no entanto, ficam até quando vão.
E isso acontece porque são pessoas avessas ao todo, transpassam o comum. Claro que são simpáticas, mas não é só isso que as define. Elas acontecem em todos os segundos, não pausam a vida para transbordarem suas almas e quando estão contigo fazem você acontecer também, e aí já não se é mais parte do meio por algum tempo.
Elas fogem do metro quadrado lotado de gente comezinha, não se esforçam para tirar um riso teu, é natural, e tudo o que dizem - que a alta elite escritora dos céus me perdoe - chega a ser mais interessante que um texto de Fernando Pessoa. Sério. Na verdade, até o silêncio delas fala contigo, te atrai.
Talvez elas até tenham feromônio na alma, te atraem até mesmo quando você está nublado, na bad ou na fossa ouvindo Bee Gees. E, ainda melhor, fazem isso sem saber que o fazem.
E essa é graça de tudo, são sóis, estrelas cadentes ou então luas cheias que te iluminam sem premeditarem. Quando estão perto de nós a vida amanhece de repente com o céu limpo e uma brisa reconfortante, a vida fica com cheiro de café pela manhã, ah.
Essas pessoas, afinal, podem ser qualquer um: um estranho que você conheceu no ponto de ônibus, um papagaio bonzinho que canta parabéns, um tio que sempre te dá ovo da páscoa, a vó legal que você nunca quer que morra, um grande amigo antigo ou então o Ariel.
Às vezes, infelizmente, essas pessoas não podem ficar. Talvez a asa do papagaio cresça demais e ele acabe voando para bem longe, a vó precise ir descansar no céu ou o amigo tenha de mudar de estado por causa da faculdade, acontece.
Não que esse "talvez" me assombre, não é isso, não, afinal não dá pra se viver pensando no fim das coisas. O problema é que toda despedida me dá saudades, e seria ruim ter de sentir saudade de tudo que o Ariel é por tempo demais.
Uma semana de vez em quando é muito tempo para mim, mas eu aguento porque, afinal, não se morre de saudade. Nem mesmo quando ela sufoca o coração.
Tem gente que fica até quando vai. O Ariel, por sinal, fica sempre, afinal ele tem cheiro de saudade e sempre me impregna com ele quando vem aqui.
O caminho sempre é mais claro com ele, sinto que estou acontecendo, até esqueço que sou só mais um normal por metro quadrado andando por aí. E é por isso que eu quero que o Ariel se demore mais aqui, quero ter a vida sempre amanhecendo bonita com cheiro de café pela manhã.

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Fotinha :)


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