Amores com asas jamais desejam partir

agosto 05, 2016


Eu deveria começar essa crônica xingando a mim mesmo. E por quê? Porque fui burro. Mas não só eu. Você, eles, ou o famoso "nós" é que fomos burros de verdade, e eu sei que sim.
Passamos todos tanto tempo procurando a paixão, a alma gêmea, a metade do diabo a quatro ou seja lá o que for para esquecermos tão em seguida que nem sempre aquilo que encontramos passa a ser nosso.
Diga-se de passagem, está tudo bem encontrar cinquenta golpinhos por aí e sequer pensar na alma que ficou desolada por tê-los perdido.
Está tudo bem também encontrar algo na geladeira que o irmão escondeu lá para comer depois e então devorar tudo com prazer.
Você pode até encontrar um elfo-doméstico - puta-que-pariu-que-sorte - e em seguida chama-lo de seu, pode, sim. Só não pode encontrar alguém por aí e acreditar que por ela ter algumas ou muitas das coisas que você gosta de encontrar nas pessoas ela passa a ser sua.
Veja, as coisas que achamos quase sempre nos aparecem porque não estamos esperando por elas. Os golpinhos, o bombom escondido e o amor chegam quando a gente está com a cabeça em estado de meio de semana, desprevenidos.
Se a chegada destes é inesperada, só a é porque eles não aparecem para quem os procura de fato. As coisas querem ser encontradas por quem as merece, e não por quem as procura apenas pela sede de tê-las.
Queremos ser encontrados, mas isso não significa que quando somos nos tornamos um bem que alguém pode controlar e realmente acreditar que a eles pertencemos.
É a questão de não se estar perdido, mas desencontrado. HEY! Porque diabos não tive consciência disso antes? Porque ninguém tem, não ao menos e pelo menos numa primeira experiência.
Encontramos uma flor e a denominamos girassol para que ela nos siga onde quer que estejamos - seja na rua, em espírito, no pensar ou até na vida.
E erramos sem nem perceber. Perdemos o que encontramos porque tomamos posse e cravamos estaca para chamar de nosso algo que sequer estava perdido, estava apenas desencontrado.
Mas mais do que aprender para nunca mais cometer o mesmo erro, acredito que inevitavelmente fazemos isso para que entendamos que nunca devemos nos sujeitar à posse de ninguém. Devemos sim honrar com nossos compromissos e elos estabelecidos, desde que seja aos limites daquilo que não nos aprisiona.
A liberdade e o amor, mesmo que sejam palavras totalmente distintas, caminham juntos. Não se pode prender aquilo que amamos, caso contrário o amor passaria a caminhar sozinho, perderia então sua essência.
Quem de fato ama não só vive como também deixa viver, e, então, descobre que o mesmo amor que um dia ganhou asas para voar jamais desejará partir.

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Fotinha :)


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