Me da aqui a sua mão

novembro 16, 2016

Hoje parei pra pensar que talvez nós nascemos chorando porque já não aguentávamos mais ficarmos presos na placenta da mãe. Veja, há bebês que até nascem prematuros, coitadinhos.
Aí lembrei que também não quero mais ficar aqui. Cansei dos rostos pálidos das vizinhas idosas fofoqueiras que varrem a calçada pela manhã, cansei das mesmas formiguinhas que todo santo dia carregam as migalhas dos furtos noturnos que fiz à geladeira.
Cansei da mesma iluminação dessa casa, dos mesmos móveis. Todos os cadarços já estão embaraçados na gaveta e todos os vasilhames estão sem tampa. Não há mais nada de interessante aqui dentro pra bagunçar.
Só que hoje acordei disposto a mudar isso. Quero ir pra bem longe, visitar lugares que jamais tive coragem de ir, como aquele beco escuro descendo a rua aqui de casa que mete um medo danado em nós dois, por exemplo.
Talvez eu esteja disposto a ir rumo ao desconhecido, desbravar cada rua dessa cidade, mas nenhum meio me parece mais seguro de fazer isso senão com você.
E preciso admitir: não há no mundo, no meu mundo, lugar mais seguro do que o aperto das suas mãos suadas e o conforto do seu abraço.
Então que acha da gente ir até a vendinha aqui do bairro comprar balas de mãos dadas e, por um tempo, fingir que nunca mais vamos voltar? Me dá aqui a sua mão.

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Fotinha :)


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