Um mundo todo em abraços e meios-fios
maio 17, 2017
Parece que foi ontem que eu descobri a insanidade de andar no meio-fio. É que antes as calçadas pareciam mais assustadoras, faltava a sua mão segurando a minha para que eu tivesse coragem de atravessar a cidade quando fosse preciso. É que no caminho sempre haviam pessoas andando na direção oposta, e ir na contra mão sozinho é um tanto ou quanto difícil quando você não tem certeza dos caminhos que tem escolhido.
Talvez essas pessoas não me olhassem como você olha pra mim, talvez não percebessem que eu tinha planos e sonhos como qualquer outro, e então não desistiam da direção que seguiam por mim nem se importavam de trombar em meus ombros porque estavam certos de que era eu quem já havia desistido.
E embora o vento também tenha sempre batido em meu rosto e bagunçado os meu cabelos, hoje sei onde onde eu quero morar, e sei que esse conforto chegou com a mesma velocidade em que nos apaixonávamos, com a mesma velocidade em que a luz das estrelas que ficavam presas em seu cabelo iam me acalmando enquanto a noite chegava e nos restavam somente as luzes dos postes e dos faróis dos carros para enxergar.
E desde que todas as outras pessoas tornaram-se somente borrões e indigentes pela cidade, o medo de andar por aí de madrugada e de cair do meio-fio também desapareceu enquanto levava consigo a confusão do mundo que eu descobri caber somente dentro dos abraços que você me dá.
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